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gémeos e os desportos


Quando digo que tenho gémeos sou sempre confrontada com ar de surpresa, imensas questões e alguma perplexidade. Eu percebo, parece tudo muito mais difícil, mais trabalho, mais tudo.

Uma das coisas que me perguntam sempre e nada fácil de responder é “como é?” Durante os primeiros seis anos dos gémeos não tinha com o que comparar. Hoje em dia sei que o que mais me custa é gerir a atenção que lhes dou individualmente. Apesar de ter dicas úteis para dar, é uma dificuldade/medo constante. 

Um exemplo prático é esta questão das actividades extra curriculares.

Decidimos que muito habituados a fazer tudo por aqui perto e a pé, queríamos mesmo que este ano os gémeos fizessem desportos diferentes um do outro e onde/o que quisessem.

Mesmo causando algum pânico na logística familiar.

O M lembrou-se dos primos italianos que fazem todos escalada e pediu para ser essa a sua escolha. Aceitamos logo, preço óptimo, sítio top, onde já tínhamos ido ter aulas avulso. Um programa muito giro para levarem os amigos, mas na outra ponta da cidade! PÂNICO… e eu que adoro não ter que pegar no carro todos os dias.


Afinal não me importo nada, ganhamos 2h de conversa, mãe e filho, vejo-o super orgulhoso mesmo que tímido e mais calado, este que sempre foi o mais falador. Descarrega imenso as energias acumuladas, agora que brincam menos em ambiente escola, correm menos e estão a precisar tanto.

Aqui entre nós, o Vertigo faz-me lembrar quando vivi aqueles dez anos fora, sem miúdos, um espaço diferente, cheio de estrangeiros e um ambiente muito relaxado, com bom café e uns bolos saudáveis e diferentes todas as semanas!

Estudei o assunto e ficamos a saber que a escalada aumenta não só a força, a resistência física, como também a flexibilidade.

É vê-los voar de uma parede à outra!

Tonifica, diminui o stress e aumenta a autoconfiança e autoconhecimento.

Era isto que queríamos para ele, principalmente agora, que vai ficando mais teenager… a mim custa-me que me saia do colo, mas quero que tenha ferramentas para saber quem é. Nunca me foi dado esse espaço, nem para falar de nada, como também para não sentir absolutamente nada… era a vida. Apesar de estarem mais calados, quero que cresçam com consciência das suas potencialidades, mentais e físicas.

Desde os 4 anos que fazem actividades desportivas depois da escola, já estiveram na natação, no judo, no futebol e agora na escalada um e no ténis o outro. Sem obrigações, nem nas escolhas, nem na variedade… quero que gostem acima de tudo do que fazem e que saibam perceber os efeitos positivos e até negativos que possam ter neles… se não se sentirem bem, não os obrigo a ficar, mas sou capaz de ir com eles almoçar fora só os dois para perceber melhor o que se passa.

Que actividades fazem os vossos?

E sabem porque as fazem e os benefícios que lhes trazem… ou desde que se mexam, tudo bem!

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carta | m.f 8 anos

Digo sempre o mesmo todos os anos

os dias são longos e os anos não… já têm oito e eu como mãe, como ser que cuida e educa também tenho oito anos, antes disso existia, hoje vivo!

Dizer que cresceram imenso desde o ano passado é dizer pouco, todos os anos conseguimos ver coisas novas e situações que vos fizeram crescer, se aos seis se tornaram irmãos mais velhos, aos sete tiveram outra tamanha função… não me deixar ir abaixo e fazer com que eu não me perdesse em situações tóxicas e sem nenhum valor para o meu futuro.

Sem o saberem fizeram de mim ainda mais forte, fizeram com que eu acordasse e tentasse ver o melhor de mim e não o que alguém escolheu ver embora deturpado… sem o saberem salvaram-me das dúvidas e das incertezas. Foram vocês que me deram certeza na vida, o que eu sonhei para mim não foi o que me quiseram fazer sentir, foram vocês, o vosso mano, o vosso pai.

Com oito anos têm o peso mais importante da minha vida, são e serão sempre o meu apoio emocional e o meu conforto, o meu porto seguro. Bem sei que ralho imenso e que me tiram do sério algumas vezes e que eu adorava que fossem excelente donos-de-casa, fizessem as camas e arrumassem a roupa como perfeitos homens-a-dias, mas a minha exigência nisso também entretanto já não é o que era, porque acima de tudo quero-vos como o vosso pai e não ansiosos como eu.

São dois e isso só por si é intenso,

mas não são dois em um, como quem não tem gémeos gosta de dizer a brincar, mas são dois miúdos, um mais diferente que o outro, mas que não deixam de ter os dois os mesmos gostos, a mesma idade, a mesma necessidade de atenção, a mesma mentalidade e os mesmos amigos.

Ninguém nunca entenderá que dois rapazes de oito anos gostam de star wars porque vivem com dois pais que adoram, mas não porque “ah claro são gémeos gostam do mesmo”, bem sei que vivem imensas situações de declarações de estranhos em relação a vocês que não deveriam e que eu tento sempre disfarçar, mas vai ser assim durante a vida toda… ou então até viverem cada um no seu país, até lá cá estarei para mudar mentalidades de quem acha que sabe.

Até lá é ver-nos juntos,

e passar tempo com vocês, as gargalhadas que dou são terapêuticas e fazem-me tão bem! Espero sempre poder rir convosco e que o saiba agradecer todos os dias. adoro como querem sempre dizer coisas parvas, mas pedem autorização com os olhos, adoro que falem como adolescentes, mas às vezes não soletrem bem as palavras, adoro que sejam altos e lindos embora vos queira ao colo tantas vezes.

Gosto muito que protejam o mano mais mini, mas que nem liguem quando ele cai de cabeça (não adoro muito, mas antes de o salvar tenho que me rir um pouco), adoro que achem que ele tem a vossa idade no futebol, mas para ver televisão primeiro me digam “mãe, é melhor meter qualquer coisa para bebés, não é?” quando estão a ver o disney junior.


Adoro que me desafiem nas festas de anos e que saibam sempre dar o abraço mais importante ao final do dia quando me arrasto para o sofá. Adoro que falem das festas dos 16 anos como se ainda fossem gostar de bonecos… e que quando eu digo que aos 10 passam a ir ao cinema com três amigos achem um horror, mas estarei cá para confirmar.

Que achem que sem mim não fazem nada, mas que não querem que eu vos ajude a escolher roupa nem tratar do banho. Adoro que comam de tudo, mas quando eu falo em ovos mexidos e salsichas me peçam para ser o pai a fazer o jantar. Adoro que queiram saber tudo o que eu faço durante o dia porque eu também vos pergunto o que almoçaram…

No fundo, eu adoro-vos e não sei viver sem vocês.

Se preciso de umas noites a sós com o pai, não é por mal, mas é para garantir que o pai saiba o quanto eu o amo por me ter dado tanta coisa boa.

Não há favoritos nas famílias, mas há pormenores que têm uma importância única… não fui mãe à primeira de um como tantas outras, fui mãe de dois de uma vez e fomos três durante três dias, onde eu aprendi a distinguir as vossas vozes sozinha…

Hoje conheço-vos como ninguém e serão sempre para mim únicos.

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