where to stay | essaouira . part II
Essaouira… que saudades
Quando nos começamos a habituar a um lugar novo, no meu caso, vê-se logo nas voltas que dou nesse mesmo lugar.
Saber onde ir comprar desodorizante porque levei um que estava quase a acabar, mas que achava que ia durar mais dias.
Beber café sempre no mesmo sítio porque depois de testar alguns já sabemos onde é bom, saber dizer em que banquinha há o melhor pão e as romãs mais suculentas…
Sinais de alguém que se deixa ir pelo tempo, que se sente em casa apesar do hotel e do mapa dobrado em mil bocados no bolso das calças.
Que sensação boa esta de pertencer onde nunca se foi. Essaouira tem este poder, e vou quase jurar que tem não só a ver com o meu sangue mouro, como por ter nascido em Lisboa…
Aqui há oceano a dez metros da cidade, aqui há ondas e vento frio. Aqui há uma praia linda que em distância será igual a uma boa caminhada lisboa-sintra. Há paredão, há ciclovias, há turistas à beira-mar e há camelos a passear… camelos? Desculpa, não percebi?
Sim, camelos… mas dos verdadeiros, animais. É certo que em Lisboa não há disto, mas…
Dizem que tem gosta de correr leva os ténis para todo o lado e corre onde der… eu não levei… o tal bichinho ainda não se intranhou em mim parece-me…
Fiz uma caminhada de 2h na areia, por entre o vento atlântico, o sol africano, os camelos que se passeiam e as gaivotas quase terroristas… atenção ao terem comida na mão! Mais um pouco e chegávamos a Moçambique tal é infinito aquele areal…
Despedir-nos desta cidade teve um sabor agridoce, quase que nos apetecia aqui ficar e nem ir a Marrakech… não ia ser igual de certeza e esta sensação de casa é dificil de bater…
Um dia voltamos… mais tempo, e sem bilhete de volta.