baby boy three | primeiro mês
o primeiro mês…
ainda só tens um mês e eu acho que já cá estavas há imenso tempo, parece que nunca não cá estiveste e parece que fazes parte dos nossos rituais, das nossas rotinas e horários há muito mais que um mês… e no entanto… tens 33 dias.
comecemos então pelas comparações… não posso deixar de falar deste primeiro mês do V sem me lembrar do que foi o primeiro mês dos manos M e F. as comparações entre os gémeos sempre foram a meu ver de evitar, recusava-me a ter que responder quando tinham trinta dias quem era o mais teimoso e mais independente, coisa que para o resto do mundo é muito importante saber… mas agora, faz todo o sentido. não num gesto de ver o que foi melhor ou pior, mas porque quero também aprender com o que fiz, deixei de fazer, não consegui fazer e espero vir a fazer desta vez.
a primeira grande questão é e foi a amamentação.
sempre disse que a conseguirem, dêem de mamar! o nosso leite a ser bom é mesmo bom, mas dramas não, nem para o oito nem para o oitenta… e certo e sabido, todas as crianças e maternidades são diferentes. os manos mamaram até aos 8 meses… mas quando todas as pessoas à minha volta diziam que ia ser impossível, que eu não ia ter nem leite, nem tempo nem cabeça para tal feito… pois talvez por isso mesmo cada vez que tinham que comer, vinham para cima de mim e prova superada… decidi parar por questões de trabalho e eles sem problema passaram para o biberon e leite artificial. não tive dores, tive duas mastites bem superadas, não me queixei mais do que uma pessoa se queixa do sono e de não dormir. agora… este bebé mama bem, eu continuo com leite para gémeos ou mais… mas as dores, ai as dores. como possível ter dores destas?
eu tive cesarianas… não sei o que é um parto normal, não sei o que são contracções fortes, não sei o que é partir um membro, apenas sei que a dor mais forte que tive foi de uma enxaqueca… mas isto? as dores, a pele, o sangue, o medo da dor… nunca na vida imaginei. se acho necessário, não. ter dores não fazia parte dos meus planos nem sequer alguma vez pensei que ao sentir dor quisesse continuar a dar de mamar a um bebé… mas ele cresce, ele come bem, ele dorme bem, apesar das cólicas que me fazem estar horas a ouvi-lo chorar sem saber como o acalmar, imagino a ele… este baby saiu aos manos e é tranquilo… mas chega à hora e é ver-me quase chorar, espernear antes dele agarrar a maminha… já chorei muito, já gritei imenso, já disse tanto palavrão e mesmo assim deixo-o vir… porque… porque não? coitado, ele merece o que lhe faz bem, eu mereço tê-lo perto de mim, mas quanto tempo vou aguentar eu isto? não sei… mas tanto a obstetra como a pediatra pediram-me para aguentar mais dois meses, a minha irmã garante que isto vai ficar melhor e daqui a nada já não tenho dores nem ferida… mas eu não vejo o fim e não vejo como. se paro sinto-me péssima mãe ou no mínimo má pessoa, se continuo sinto que também não gozamos o momento a cem por cento porque dos vinte minutos de mama passo quinze a agarrar a mama de tal maneira com força para sentir outra dor em vez da dele. espero só que ele não perceba, que no fundo saiba que o faço por ele, que talvez até aguente bem mais que mais dois meses… mas que nunca me falte a vontade de lhe dar o que é meu e melhor, mas que no dia em que parar não me martirize e não me pressione porque tentei e tento sempre.
a chuva passou, o sol decidiu vir ver-nos e nós temos passeado, caminhado, almoçado fora, conhecido sítios novos para pequeno-almoço, sempre com os horários controlados pois com estas dores o meu à vontade para dar de mamar na rua diminui imenso e hoje em dia programo tudo para estar num local fechado e longe de quem me possa ver chorar, gritar ou mandar um po*** bem alto…
faltam trinta minutos para que ele tenha fome… “nevertheless she persisted“…esperemos